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Fruta na cerveja: o Brasil está preparado para Catharina Sour?

Nascida em Santa Catarina, pela união de cervejeiros artesanais, a cerveja tem acidez presente e leva fruta na receita.

O mercado cervejeiro está se movimentando para participar do Brasil Beer Cup, grande concurso que se aproxima de acontecer (21 a 24 de novembro). E com ele, vem a discussão sobre a inclusão de um estilo para a categoria de cerveja caseira, que está aberta com o estilo Catharina Sour.

Tenho recebido diversos questionamentos sobre o estilo selecionado para essa categoria e isso só confirma que tudo que é novo, assusta.

A criação recente do estilo por volta de 2016 foi reconhecida no guia de estilos BJCP (Beer Judge Certification Program), guia que serve como orientação de estilos para competições de cerveja caseira.

Espera-se que uma Catharina Sour seja uma Ale de trigo, leve e refrescante com acidez láctica e perfil de fruta fresca, altamente carbonatada, não se deve ter perfil acético, nem selvagem.

Agora, minha reflexão é: o quanto esse estilo está chegando nos copos além das panelas?

Acredito que seja papel nosso, de quem está inserido no mercado, de divulgar a existência de um estilo brasileiro e incorporar à parte de nossa cultura. Ué, mas o estilo já não deveria fazer parte da nossa cultura? Também, mas não dá romantizar a criação de todos os estilos de cerveja.

Se formos analisar a origem de diversos estilos na Europa e no mundo, vários tiveram motivações sociais e políticas, ou até mesmo como forma de protesto à popularidade de um determinado estilo.

Assim entendo o surgimento da Catharina Sour, como um manifesto de cervejeiros que desejavam criar parte da história da cerveja no Brasil. Acho honroso que seja dando destaque para ingredientes locais e regionais.

A variedade de frutas e ingredientes que temos pelo Brasil, torna as combinações e criações praticamente infinitas, onde a cerveja pode estampar a cara do lugar que foi produzida. Cajú, amora, jabuticaba, uva, cupuaçu, bergamota, etc. As frutas ajudam a criar a identidade de um local através da cerveja.

E por que isso é importante para nós? É uma forma de nos destacar no mercado, apresentar nossas frutas únicas e criações refrescantes, recheadas de brasilidade e ousadia.

A dificuldade que encontro aqui é a popularização do estilo para quem está começando. “Isso é cerveja mesmo?”. Sempre escuto isso. Certa vez, ofereci uma taça de Sour or Not too Sour da Invicta (uma Catharina Sour com frutas vermelhas) pra minha mãe, que bebe cerveja esporadicamente e para minha tia que quase não bebe cerveja.

O resultado foi como eu esperava: “Nossa, ácida né? É de cerveja mesmo?”; “Nossa, tão boa. Nem parece cerveja”

E eu estou lá, como quem mostra um filme que ama e quer que a pessoa se apaixone da mesma forma que você. “É cerveja sim, gente. Bom né?!”

Mais do que falar de Catharina Sour como parte da cultura brasileira, nossa missão é torná-la acessível em preço, informação e prateleira.

Enquanto isso vai acontecendo aos poucos, você que é cervejeiro caseiro ou conhece alguém que é, pode participar do Brasil Beer Cup e ajudar a construir ainda mais o futuro do setor cervejeiro no Brasil.

Talvez o Brasil ainda não esteja completamente preparado, mas com certeza estamos no caminho.

Um comentário

  1. […] uma identidade própria. Uma cerveja para chamar de sua. O exemplo mais recente foi a Catharina Sour, primeiro estilo brasileiro reconhecido pelo BJCP feito com base nas frutas tropicais frescas que […]

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