Cerveja em Foco

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Nem toda Lager é uma Pilsen

O estilo é oficialmente Americano, mas a influência veio da Europa. Os holandeses fundaram Nova York em 1625, que naquela época era conhecida como Nova Amsterdã. Em 1664, os imigrantes holandeses decidiram construir uma cervejaria na ilha de Manhattan. Os ingleses visitavam as Américas com certa frequência e foi assim que notaram a movimentação dos holandeses em relação à cerveja. Em 1685 na Filadélfia surgiu mais uma cervejaria, mas dessa vez comandada pelos britânicos.

Os europeus, cada qual à sua maneira, fizeram um excelente trabalho e os americanos aceitaram muito bem a cerveja “importada”, tanto que os hábitos de consumo dominados pelo vinho foram deixados de lado. E, graças a esse apreço pelas brejas, cada vez mais pequenas fábricas foram surgindo durante o período colonial na Terra do Tio Sam.

O crescimento cervejeiro americano passou por uma inesperada interrupção na segunda metade do século XVIII, período da Guerra da Independência Americana, devido ao bloqueio que os ingleses resolveram fazer nos portos do novo país, tornando impossível o comércio de insumos pra diversos tipos de produtos. A falta da cerveja foi praticamente uma tortura para todos os americanos, incluindo figuras influentes e históricas como George Washington, Thomas Jefferson e James Madison, declarados aficionados da bebida.

A Guerra chegou ao fim após oito anos e consequentemente surgiu um “novo país” e claro, com muita sede de cerveja. Isso fez com que o número de cervejarias aumentasse, porém a influência britânica ainda estava ali e com isso os estilos mais consumidos eram a Porter e as Real Ales. Felizmente, esse período não durou muito tempo, e graças a John Wagner.

Em 1840, John Wagner resolveu levar da Baviera para os Estados Unidos um fermento que era capaz de ajudar na produção de uma cerveja diferente das quais os estadunidenses estavam acostumados e até 1842 Wagner fez de sua casa uma pequena cervejaria mas, não tinha intuito comercial porque a intenção era trazer um “gostinho de casa” para seus amigos e outros imigrantes alemães.

Essas brejas eram produzidas em uma espécie de chaleira que ficava suspensa sobre uma lareira e o armazenamento era em uma estrutura pequena que ficava atrás da “cervejaria”. A nova cerveja de baixa fermentação caiu muito rápido no gosto de todos, pois tinha corpo leve e a sua aparência era dourada – eram os primeiros passos da revolucionária Lager em solo norte-americano.

Standard American Lager x Lei Seca

No início do século XX, os cervejeiros norte-americanos ficaram conhecidos pela “standartização” das cervejas, pois foram eles que experimentaram acrescentar milho e arroz nas cervejas para torná-las mais leves e claras. A falta de cevada era muito comum naquela época, mas o milho e o arroz se adaptavam melhor ao solo e clima da América. Esses adjuntos inseridos às cervejas fez baratear o custo final e possibilitou que mais pessoas pudessem tomar a American Lager, inclusive àquelas das classes sociais mais baixas.

Devido à popularidade da American Lager que o mercado cervejeiro americano alavancou, em 1876 já existiam mais de 2000 cervejarias artesanais. Tempos depois, em 1810 houve uma queda e esse número passou para 1498 cervejarias, porque as cervejarias maiores entraram na onda dos adjuntos (milho e arroz), fazendo com que o preço final chegasse a ser desleal com as artesanais.

A catástrofe mesmo chegou anos mais tarde, em 17 de janeiro de 1920 quando foi homologada a 18ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, conhecida como Lei Seca, que proibia a produção, importação, exportação, transporte e venda de bebidas alcoólicas por todo país. Essa lei demorou anos para ser ratificada, mas ela já estava sendo “maturada” muito tempo antes.

As associações União das Mulheres pela Temperança e Liga Anti-Saloon eram financiadas por igrejas evangélicas e seus membros “muniam-se” de Bíblias para invadir pubs e estabelecimentos que vendiam bebidas alcoólicas, pois acreditavam que o uso dessas bebidas colocavam em risco a preservação da moral e dos bons costumes das famílias.

Durante os 13 anos de Lei Seca praticamente todas as cervejarias sumiram do mapa do país e aquelas que permaneceram investiram em bebidas não alcoólicas. Essa história só deu uma guinada em 1978, quando o presidente Jimmy Carter trabalhou para que o congresso aprovasse a emenda que revogava uma antiga proibição à fabricação de cerveja artesanal. Os cervejeiros americanos surgiram sedentos e então fizeram valer essa oportunidade, conquistando espaço e se tornando a quarta Escola Cervejeira do mundo.

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