Cerveja em Foco

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A cerveja que remete ao vinho

Quando se fala do estilo de cerveja Barley Wine logo vem a cabeça as duas escolas cervejeiras referência para essa cerveja: a Britânica e a Americana. Na primeira, esse estilo é conhecido como English Barley Wine, já na segunda como American Barleywine, cada qual com suas particularidades. Contudo, essa breja é originária do Reino Unido, ou seja, é daí que os Americanos recriaram a Barleywine.

Devido a invasão da Normandia (região noroeste da França) no Reino Unido no século XVIII, os cervejeiros ingleses tiveram que olhar para essa situação por um outro ângulo: produzir algo que chamasse a atenção dos invasores tanto quanto o vinho, a bebida da aristocracia normanda enquanto a cerveja era considerada a bebida das massas saxônicas.

A Inglaterra não tinha clima para produzir vinhos, por ser um lugar frio e nublado demais para cultivar uvas, assim os reis normandos eram obrigados a importar suas bebidas da Europa. Ainda no século XVIII, os normandos começaram a se cansar com a sequência de interrupções no fornecimento dos vinhos causados pelas constantes guerras com a França, e foi aí que passaram a ter interesse pelas cervejas inglesas mais fortes.

A migração de uma bebida para a outra é resultado do aumento de maltes claros e foco na produção, para que as novas brejas tivessem mais qualidade, complexidade, teor alcoólico elevado e, claro, uma pitada de rivalidade. E dessa forma as cervejas que eram denominadas “fortes” ficaram conhecidas como: cervejas de outubro, cerveja de Dorchester, bebida alcoólica de malte ou vinho de malte.

A cerveja agora é vinho?

Durante muito tempo a Barley não tinha um nome que fizesse jus ao seu estilo, mas no início do século XIX um cervejeiro britânico (não há relatos históricos sobre esse cervejeiro em específico) “impôs” que essa bebida deveria se chamar Barley Wine (vinho de cevada). Porém, somente em 1854 que essa cerveja passou a usar de fato o nome Barley Wine.

Após essa mudança, os britânicos esqueceram a inveja em relação ao vinho, mas substituíram por orgulho e satisfação por fazer uma cerveja tão cobiçada. A Barley Wine geralmente é produzida com maltes claros e em alguns casos há adição de açúcar durante o processo. Isso gera um mosto consistente que, muitas vezes, ao ser enviado para a fervura não é diluído, ou seja, os cereais não são enxaguados e a partir da longa fervura combinada com a concentração dos açúcares é que surge a cor âmbar da cerveja.

Se a sua intenção é produzir esse estilo de cerveja, lembre-se que ela se encaixa naquele bom e velho ditado popular: “a pressa é inimiga da perfeição”, justamente por ser uma bebida que antes de ser consumida passa pelo processo de envelhecimento em barril, que pode durar vários meses, ou até anos. Quanto mais tempo ela ficar guardada, mais suas características serão desenvolvidas.

Harmonizações

Três harmonizações fáceis de fazer e que ficam espetaculares com a Barleywine.

  • Panna Cotta de frutas vermelhas: um doce italiano simples e prático de se fazer, tendo como ingredientes apenas nata, açúcar e gelatina, tendo como diferencial a calda que é feita com frutas vermelhas e 50 mL da cerveja (usa a breja como ingrediente, mas guarda um pouco para degustar com o doce, hein!).
  • Queijos – Cheddar e Gruyére: sabores intensos, condimentados e quando maturados ficam excelentes (essa é para os apreciadores de vinhos e cervejas).
  • Carbonade bovina: é a tradicional carne de panela, porém agridoce e cozida com cerveja. Os principais condimentos usados como temperos são: tomilho, louro e mostarda. Esse prato é perfeito para servir no inverno, ainda mais acompanhado de uma bela Barley!

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