Como você já percebeu, eu adoro história e se envolve cerveja, adoro mais ainda e por isso resolvi trazer o compilado de cada escola cervejeira, então fique ligado que, uma vez por semana publicarei sobre uma determinada escola e hoje começo com a Alemã.
Conhecida como Escola Alemã ou Germânica, ela é voltada para a tradição, a pureza dos ingredientes e as grandes festas.
Foi durante a Idade Média que a história da cerveja na região da Alemanha nasceu e assim como na Escola Belga, ela foi criada pelos monges, uma vez que, a produção das cervejas eram para o consumo próprio, porque além das propriedades nutricionais, era mais saudável do que a água, devido a falta de tratamento.
Na época medieval, as casas não tinham saneamento básico e o esgoto era descartado diretamente nos rios, onde a água era coletada sem nenhum tratamento para beber ou produzir alimentos, então o ato de de fazer cerveja (fervura da água e mosto) além do álcool que é naturalmente um subproduto da fermentação, inibem a proliferação dos microorganismos patogênicos, (que causam doenças) fazendo com que a cerveja pudesse ser uma bebida mais “segura” do que água que tinham disponível para ser consumida, além de que, a cerveja também era considerada como um alimento, ou seja, o famoso “pão líquido”.
Hildegard Von Bingen, a abadessa alemã
Você sabe a influência dessa monja no meio cervejeiro? Bom, Hildegard foi uma mulher, monja e cientista bem à frente da sua época, mesmo com todas as dificuldades que teve que enfrentar. Ela escreveu livros de teologia, medicina e ciências naturais, compôs sinfonias, musicas sacras, escreveu poesias e ainda construiu e administrou dois conventos, que mulher incrível, não é mesmo?!
Hildegard já foi citada por diferentes pontífices, incluindo João Paulo II e Bento XVI, como uma doutora da Igreja, ela sempre estudou muito sobre as plantas medicinais e por isso foi atribuído a ela uma das primeiras menções sobre os benefícios (conservante e aromatizante) do lúpulo.
Em um de seus textos ela mencionou que, o lúpulo era uma planta “excelente para a saúde física”, “muito útil como conservante para muitas bebidas”, além de que, “o amargor evitava a deterioração”.
Agora ficou claro o porque a mencionei na história da escola alemã? Hildegard fez história e contribuiu muito para o meio cervejeiro.
Lei da Pureza de 1516
Em 1516 foi assinado um decreto pelos duques bávaros Wilhelm IV (popularmente conhecido como Guilherme IV) e Ludwig X (também conhecido como Ludovico X) onde determinaram a utilização única e exclusiva de cevada, água e lúpulo para produzir as cervejas e até hoje é visto como selo de qualidade por todo o mundo, porém vale lembrar que na época a levedura não era conhecida.
“Reinheitsgebot” : em alemão “Rein” significa “puro”, “Reinheit” significa “pureza”, e “Gebot” significa “mandamento”.
O fato do rei proibir a produção de cerveja no período entre 23 de Abril e 21 de Setembro, época de primavera/verão, influenciou muito o fato da cultura cervejeira alemã ser basicamente lager, já que o inverno somente microorganismos de baixa fermentação podiam ainda fermentar o mosto.
Para não sofrer com o aumento de temperatura, a bebida era então armazenada em cavernas nos Alpes, que se transformavam em adegas naturais, frias e úmidas, com isso surgiu na Bavária um novo jeito de se fazer cerveja, conhecido como “Lagern” e nesse novo processo de armazenar envolvia fermentar ou maturar a cerveja em temperaturas mais baixas do que a que se fermentava as Ale, até porque para essas a temperatura poderia ser ambiente (15 – 20°C).
Oktoberfest
Esse é o maior evento e mais famoso do mundo e de origem alemã, que nasceu na cidade de Munique, sul da Alemanha, em 17 de outubro de 1810. Mas, esse festival tão famoso não foi criado só porque a população gostava de cerveja, ele surgiu devido o casamento do príncipe Ludwig von Bayern com a princesa Therese von Sachesen-Hildburghausen que, ofereceram aos seus 20 mil convidados comidas e bebidas típicas do Estado da Baviera, além de um pomposo desfile e corrida de cavalos.
O’Zapft is! é o termo usado para a abertura da festa, seria mais ou menos um: “Que comece a festa!” seguida de uma martelada no primeiro barril de cerveja a ser consumido no Oktoberfest.
Em mais ou menos 200 anos do evento ele foi cancelado cerca de 25 vezes, e assim como esse ano (2020), por motivos graves como guerras, inflação e epidemias.
Principais estilo da escola de acordo com o BJCP
- Historical Beer: Gose
- Czech Lager
- Munich Helles
- Kölsch x Altbier
- German Pils
- Märzen
- Rauchbier
- Bock e Doppelbock
- Schwarzbier
- Weissbier