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Escola Cervejeira – Britânica

Retomando com a sequência sobre as escolas cervejeiras, achou que eu havia esquecido, né? Não esqueci, não! Então vamos lá!

Não tem como falar da escola britânica e não se lembrar das AleWifes, Revolução Industrial (essa posso dizer que envolveu tudo), a história do estilo IPA, a famosa Guinness, CAMRA e até a mais recente e engraçada história de que o estilo Porter é uma homenagem aos porteiros que trabalhavam nos condomínios em Londres e que toda manhã passavam nos Pub´s para tomar uma cerveja, a ideia não é tão ruim, mas essa não é a real história do estilo Porter.

Mas, vamos adiante, porque essa escola é tão rica de conteúdo histórico quanto às outras.

Não existe registro que específico a respeito da primeira cerveja feita em terras britânicas, porém a partir de estudos e provas arqueológicas apresentadas recentemente, é certo que os invasores romanos das ilhas britânicas, na falta de vinho que era dedicado à nobreza, sustentavam-se bebendo cerveja.

AleWifes

Na idade média não existia água potável e esse é o motivo pela qual a cerveja era fortemente consumida, tanto para matar a sede quanto para poder se alimentar devido suas propriedades nutritivas. E por falar em nutrição, as cervejas, assim como os pães eram produzidos por mulheres, mais conhecidas como AleWifes (esposas cervejeiras).

Elas produziam as cervejas e mantinham os estoques abastecidos, tudo isso era feito em suas casas, até porque a produção era limitada à família, porém, conforme o tempo foi passando a fama das AleWifes em suas aldeias e cidades foram aumentando, fazendo com que as cervejas produzidas passassem a ser comercializadas pela população. A venda não era apenas com dinheiro, havia opção de trocar cervejas por bens de que pudessem ser do interesse da AleWife.

A casa das AleWifes passaram a ser chamadas de Ale Houses e tornaram-se pontos de encontro da comunidade no geral, o tempo foi passando e o nome das Ale Houses mudaram, passando a ser Public Houses ou PUB’s que, além de servir cervejas tinha como opção, comidas e acomodações para passar a noite.

Revolução Industrial

A escola britânica passou por uma mudança radical no século XV devido a introdução do lúpulo, ele surgiu inicialmente como conservante, mas caiu no gosto dos ingleses devido o amargor, fazendo com que o conceito das ales mudassem do doce para o amargo. Essa adesão ao lúpulo proporcionou uma mudança ao nome das cervejas que eram produzidas apenas com ervas e condimentos, essas eram conhecidas como Ale, já as que passaram a ser produzidas com lúpulos ficaram conhecidas como Beer, essa distinção foi até o fim do século XVII, com variações que perduraram até o século XX.

A história da cerveja no Reino Unido manteve a mesma mais ou menos até o início do século XVIII, sofrendo uma reviravolta junto com a Revolução Industrial. A mudança na indústria cervejeira e a Revolução Industrial, desde o início desta última, sempre andaram lado a lado, tanto que, as novas grandes cervejarias passaram a investir pesado em melhorias e barateamentos dos processos cervejeiros, além da parte de transporte, para que a distribuição de suas cervejas fosse mais eficiente e chegassem mais longe, fazendo com que a produção antiga da cerveja artesanal ficasse obsoleta.

O estilo de cerveja que marcou a Revolução Industrial no Reino Unido foi o Porter, tanto que o primeiro registro desse estilo é atribuído à cervejaria Harwood’s, de Londres, que elaborou uma cerveja encorpada e calórica, na medida para alimentar os carregadores que cruzavam a capital inglesa levando nos ombos os produtos das fábricas para serem vendidos nos mercados da cidade.

Graças a Porter que o estilo Stout existe, produzida por Arthur Guinness (sim, esse mesmo, o dono da iconica Guinness, a cervejaria com maior produção de Stout do mundo) em 1759 com uma adaptação mais alcoólica, escura, opaca, amarga e com mais maltes tostados. Por um bom tempo esse estilo não era apenas Stout, mas sim “Stout Porter ou Porter Robusta”.

Como eu sempre digo nada dura até a eternidade e com a supremacia das Porters e Stouts não poderia ser diferente, por volta de 1840 elas foram abaladas por outros dois tipos de cervejas, as Pale Ales e India Pale Ales, e, justamente por causa delas que “Revolução Lager” demorou chegar ao Reino Unido.

CAMRA – Campaign for Real Ale

Antes de encerrar a matéria não posso deixar de contar para você sobre o CAMRA (Campaign for Real Ale), que surgiu devido à industrialização da cerveja em larga escala que trouxe uma desvantagem: o desabamento dos antigos estilos, como Porter, Stout, Pale Ale, Bitter, Barley Wine e outros. Diante desse cenário, em 1971, um grupo de quatro entusiastas de cerveja (Bill Mellor, Graham Lees, Michael Hardman e Jim Makin) totalmente inconformados com a produção das cervejas em massa, fundaram a Associação de Consumidores de Cerveja (CAMRA) e o objetivo de ambos era proteger duas instituições britânicas sob ameaça: os Pub’s tradicionais e as Real Ales (estilo de cerveja que existiu antes do advento das Porters).

A associação atualmente mais de 190 mil membros em todo o globo, é financiada por taxas de adesão, venda de livros, guias e camisetas além de lucros vindos de festivais de cerveja por ela promovidos, além de premiações de cerveja no Reino Unido e fora dele. O CAMRA foi responsável indiretamente pelo nascimento da nova escola cervejeira americana e a associação está presente em outros países da Europa como Áustria, Noruega, Polônia, Suécia, Suíça e etc.

Principais Estilos de acordo com o BJCP

  • Ordinary Bitter
  • Strong Bitter
  • English IPA
  • English Porter
  • Irish Red Ale
  • Sweet Stout
  • Oatmeal Stout
  • Foreign Extra Stout
  • Imperial Stout
  • English Barley Wine

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