Cerveja em Foco

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Escola Cervejeira – Franco Belga

Dando continuidade na série: compilado da história das escolas cervejeiras e o tema de hoje é sobre a Escola Belga ou Franco Belga. A Bélgica tem a tradição cervejeira tão enraizada em sua cultura, que suas cervejas são consideradas Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco e assim pode chamá-la de Paraíso das Cervejas com mais de mil rótulos diferentes e dezenas de estilos.

A Bélgica abriga o maior grupo cervejeiro do mundo, a gigante belgo-brasileira Anheuser-Bush (AB) InBev, localizada na cidade de Leuven, empresa essa que tem 60% do market share do mercado mundial (de acordo com os dados de 2018) e isso faz com que o País seja um dos maiores exportadores de cerveja do mundo, chegando a enviar para fora do País mais da metade da cerveja que produzem.

A história e a geografia são aliadas dos belgas, o País fica dentro de um cinturão climático no qual é muito frio para se plantar uvas para vinhos de qualidade, mas em compensação, esse mesmo clima é perfeito para a cultura de grãos e de lúpulos, os ingredientes básicos da cerveja.

A Bélgica também é conhecida pela água de alta qualidade, característica vital, sobretudo na época em que a ciência ainda não era desenvolvida a ponto de possibilitar a sua alteração físico-química para uso cervejeiro. A fama da água belga já era conhecida desde a dominação dos romanos, que se esbaldavam em termas onde hoje fica a cidade de Spa, conhecida na Roma antiga como Aquae Spadanae.

O modo europeu de fazer cerveja foi influenciado devido ao acesso as especiarias, porém essas não só davam sabores às cervejas, como também mascaravam os defeitos. As ervas e especiarias que já encontravam na época era, coentro, alcaçuz e gengibre, as frutas como framboesa e cereja também entram na lista, mas o ingrediente que durou anos e acabou sendo substituído pelo lúpulo, foi o gruit (mistura de ervas usadas para dar amargor e aroma à cerveja).

A Bélgica ficou livre da Reinheitsgebot (Lei da Pureza) por ser um dos países que ficou fora do império germânico.

Na escola belga você encontra as delicadas e aromáticas Witbiers ou Bière Blanche, que são as cervejas de trigo, passando pelas potentes e tostadas Dark Strong Ales, caminhando pelas selvagens Lambics que contém adicção de frutas ou não, chegando até as Flanders Ale com notas vínicas oriundas do tempo que passam em barricas de madeira e para finalizar e brindar tem a Bière brut, feita através do métido Champegnoise, tal qual os melhores Champagnes franceses.

Cervejas de Abadia e Trapistas

Os monges elaboravam cervejas como fonte de alimentação e para matar a sede, bem como para alimentar os peregrinos que lá frequentavam. As receitas cervejeiras passaram de um monge copista (que reescreviam os livros a mão, palavra por palavra, incluindo desenhos e gravuras) a outro através de gerações, sendo continuamente aprimorada ao longo dos séculos.

As tradições monástico-cervejeira mais do que em qualquer outro lugar no mundo ainda se encontra em plena atividade na Bélgica, por exemplo, as cervejas Leffe (ABInBev), Maredsous e St. Bernardus contém em seus rótulos a indicação “cerveja de abadia”, indicando que apesar de serem produzidas em escala industrial, foram elaboradas segundo receitas seculares dos monges.

A Ordem Trapista (Ordem Cistercienses da Estrita Observância) é uma classe de cervejarias que se destaca por ser uma congregação religiosa católica, onde seus monges seguem o princípio fundamental do ora et labora, que vivem em grande austeridade e silêncio e fazem três votos: pobreza, castidade e obediência, com isso, as cervejas fabricadas no interior do mosteiro, não são comercializadas com o propósito do lucro, mas sim para manter o funcionamento das próprias abadias e alguns serviços de caridade ao redor do mundo.

No mosteiro de São Sisto, na área rual de Westvleteren, ainda é fabricada a única cerveja elaborada exclusivamente por monges e mesmo produzidas em pequenas quantidades, são consideradas as melhores do mundo, uma dela é a Westvleteren 12, campeã de vários rankings.

Mosteiros

Até 2018 a lista de mosteiros autorizados a marcar os produtos com selo de autenticidade trapista, garantindo a origem monástica de sua produção.

Mosteiros na Bélgica

Abadia Orval

Abadia Achelse Kluis – Achel

Abadia Scourmont – Chimay

Abadia Our Lady of Saint-Remy – Rochefort

Abadia Our Lady of the Sacred Heart – Westmalle

Sint-Sixtus Abbey – Westvleteren

Mosteiros na Holanda

Maria Toevlucht Abbey – Zundert

Koningshoeven Abbey – La Trappe

Mosteiros em outros países

Abadia de Stift Engelszell – Áustria

Abadia Saint Joseph’s (Spancer Trappist) – Estados Unidos

Abadia Tre Fontane – Itália

Abadia Mont des Cats – França

Abadia Mount Saint Bernad – Inglaterra

St. Peter of Cardeña – Espanha

Todas as cervejas belgas eram elaboradas com fermento Ale (alta fermentação), porque as cervejas da família Lagar (alta fermentação) necessitavam de investimentos muitos maiores para a sua produção, uma vez que a fermentação requeria a refrigeração mecânica, que era recém inventada e precisava de períodos maiores de maturação.

Dentre as novas fábricas de cervejas Lager que foram surgindo, a que obteve mais sucesso comercial perante todas as outras, é a Stella Artois.

Principais estilos da escola de acordo com o BJCP

  • Witbier
  • Belgian Blond Ale
  • Saison
  • Belgian Golden Strong Ale
  • Belgian Dubbel
  • Belgian Tripel
  • Belgian Dark Strong Ale
  • Flanders Ale
  • Gueuze Lambic
  • Fruit Lambic

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