O perfil do consumidor de azeites no Brasil está em transformação, acompanhando o aumento do consumo desse produto no país. Entre 1990 e 2013, as importações brasileiras de azeite de oliva cresceram 440%, evidenciando uma demanda crescente. No entanto, ainda existem lacunas nas informações sobre o perfil do consumidor, suas preferências e comportamentos de compra. Com base em um estudo exploratório com 343 entrevistados, foram coletados dados que ajudam a traçar o perfil desse consumidor e identificar seus hábitos de compra e os critérios utilizados para escolher o produto.
Crescimento do consumo de azeite no Brasil
Nos últimos 25 anos, o consumo de azeite de oliva no Brasil aumentou a uma taxa anual de 10 a 15%. Mesmo assim, o consumo per capita de 0,35 litros por habitante em 2015 ainda está muito abaixo de países europeus como Portugal, Espanha e Grécia, onde os números são significativamente mais altos. O Brasil é dependente de importações para atender à demanda interna, com Portugal e Espanha sendo os principais fornecedores, respondendo por cerca de 80% das importações.
Perfil socioeconômico do consumidor brasileiro de azeites
O estudo revelou que a maioria dos consumidores de azeite de oliva no Brasil são pessoas de alta escolaridade e renda. Mais de 90% dos entrevistados possuem curso superior, e 70% têm renda familiar entre 4 e 20 salários mínimos. A faixa etária predominante varia entre 26 e 45 anos. Esses dados mostram um perfil de consumidor de alta renda e educação, que valoriza alimentos mais saudáveis e de maior qualidade, como o azeite de oliva.
Critérios de escolha na compra de azeites
O perfil do consumidor de azeites no Brasil revela que os principais critérios que influenciam a compra são o grau de acidez, o preço, a origem do produto e a marca. Esses são os fatores mais observados nos rótulos pelos consumidores brasileiros. O grau de acidez é particularmente importante, com 24,5% dos entrevistados citando-o como o critério principal para a escolha do azeite. O preço também aparece como um fator decisivo, especialmente em um mercado onde o produto é percebido como caro por grande parte dos consumidores. A origem do azeite é outro fator crucial, com preferência clara pelos azeites portugueses, seguidos pelos produtos nacionais, o que surpreende, dado que o azeite brasileiro é uma novidade no mercado.
Padrões de consumo e preferências
Os brasileiros utilizam o azeite de oliva principalmente para temperar saladas e para finalizar pratos, sendo menos comum o uso em cozimentos e refogados. Isso contrasta com o comportamento de consumidores de outros países, como os Estados Unidos, onde o azeite é amplamente utilizado para cozinhar e fritar. No Brasil, a maioria dos consumidores compra entre 4 e 12 garrafas de azeite por ano, preferindo embalagens de 500 ml, que são mais acessíveis no mercado.
Desafios e oportunidades para o aumento do consumo
Um dos maiores desafios para o crescimento do consumo de azeite no Brasil é o preço, que é visto como uma barreira para muitos consumidores. Entretanto, 94% dos entrevistados indicaram que poderiam aumentar seu consumo se o preço fosse mais acessível. Além disso, há uma falta de informação sobre as diferentes formas de utilizar o azeite na culinária brasileira. Campanhas educativas que mostrem como o azeite pode substituir outros óleos e gorduras no preparo de alimentos podem ajudar a impulsionar o consumo.
A importância da origem e da marca
Entre os critérios de escolha, a origem do azeite desempenha um papel central. A preferência por azeites portugueses é resultado tanto da familiaridade quanto da maior disponibilidade desses produtos no mercado. O estudo também revelou uma surpresa: o azeite brasileiro apareceu como a segunda preferência, superando até mesmo os azeites espanhóis. Isso indica que, embora o produto nacional ainda seja relativamente novo, há um grande potencial para que ele conquiste mais consumidores, especialmente se for mais amplamente disponibilizado em supermercados e hipermercados, que são os canais de distribuição preferidos no Brasil.
Considerações finais
O perfil do consumidor de azeites no Brasil revela um mercado em crescimento, com consumidores cada vez mais atentos à qualidade do produto e aos benefícios que ele oferece. No entanto, o preço ainda é um fator limitante, e é importante que campanhas educativas e promocionais sejam implementadas para informar o consumidor sobre os benefícios e formas de utilização do azeite de oliva. Com isso, há uma oportunidade significativa para expandir o mercado e estimular o desenvolvimento da olivicultura no Brasil.
Com base nos resultados deste estudo, é possível concluir que o consumidor brasileiro de azeite de oliva valoriza a qualidade e a origem do produto, mas ainda é fortemente influenciado pelo preço. O azeite português domina o mercado, mas há um potencial crescente para o azeite nacional. Com ações educacionais e promocionais adequadas, esse mercado pode ser ainda mais explorado, aumentando o consumo e incentivando a produção local.
Fonte: SOBER – Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural