Talvez você nunca tenha ouvido falar da bebida mexicana, o Sotol. Segundo a WGSN, consultoria especializada em reconhecer tendências, essa será a bebida de 2023, mas o sucesso poderá acontecer por conta da migração de consumidores dos destilados de agave, como o mezcal e a própria tequila.
Produzido a partir da planta Dasylirion (que é da mesma família da agave), o sotol é comum às regiões do norte do México, Chihuahua, Durango e Coahuila, mas também pode ser elaborado no sul dos Estados Unidos, Novo México e Texas.
Ainda que a origem remonte aos povos indígenas, o processo de destilação que dá origem à bebida remete aos espanhóis. Para quem gosta de tequila, o Sotol também é oferecido em diversas versões, como silver, reposado, añejo e extra añejo, dependendo do processo de envelhecimento e o tipo de barril escolhido.
Com grandes influências do terroir, o sotol também reflete a região na qual é feito: rótulos derivados de plantas cultivadas próximas às florestas costumam ter sabores e aromas que remetem a pinheiro, pastagens e ervas, enquanto as bebidas do deserto trazem influências mais minerais, com notas que lembram couro e terra. Também há opções infusionadas vendidas como licor.
Há cerca de 100 anos os produtores de Sotol foram perseguidos pelo próprio governo mexicano — que apoiava a indústria da tequila — e parte das destilarias foram destruídas. Apenas em 1990 que as licenças para produção da bebida voltaram a ser emitidas, enquanto a denominação de origem e a regulação da receita foram implementadas oficialmente em setembro de 2002.
O Sotol conquistou novos públicos e garantiu presença internacional, como no bar PTN, em Osaka, no Japão, que ganhou uma coleção dos principais rótulos. Outro exemplo é o Desert Door Distillery, no estado americano do Texas, que produz a própria bebida e também oferece passeios guiados para visitantes da destilaria, salas de degustação e receitas de drinques.
Parecendo uma planta de yucca (ou um ouriço do mar), a Dasylirion é uma planta suculenta com folhas longas e espinhosas e se desenvolve em climas de deserto e floresta.
Como o Sotol é feito?
O processo de fabricação do Sotol é tradicional e consiste na coleta e desfolha das plantas; cavar e preparar a fornalha; cozinhar, macerar e fermentar a seiva; destilar o produto até duas vezes até que esteja pronto para consumo.
A seiva é fermentada em tonéis retangulares de madeira, cerca de 4-5 dias na região do deserto, ou 5-7 dias na região da floresta mais fria.
Os indígenas do norte do México (Tarahumaras e Anazasis), há 800 anos, faziam Sotol para realizar cerimônias religiosas e usavam a bebida como remédio medicinal , pois curado com damiana é revigorante, com wereke (raiz medicinal) serve para controlar diabetes, com ojasé alivia o estômago e como digestivo se curado com maçã verde.
O Sotol é uma bebida de carácter forte, o seu teor alcoólico varia entre os 38 e os 45 por cento, tem um sabor defumado que lembra a lenha e a terra, pelo que costuma ser apreciado com gelo.
Esta bebida obteve Denominação de Origem em 2002. Existem quatro variedades de sotol: sotol branco ou prateado, jovem ou dourado, reposado ou envelhecido e extra envelhecido ou extra envelhecido.
Como consumir
No México, a forma tradicional de degustar o sotol é em doses, às vezes com uma cerveja ao lado “para refrescar”.
Infusões também são comuns, aromatizados com ingredientes cultivados localmente. Um curado de noz-pecã, canela e passas é frequentemente apreciado durante os meses de clima frio ‘como um ponche’. Também há infusões feitas com damiana ou mesmo peiote.