A Belgian Blond Ale é um estilo muito comum na Bélgica e Holanda que é considerado “jovem”, isso se você compará-lo com outros estilos da Escola Belga, visto que ele tem menos de 100 anos e a tradição cervejeira belga tem raízes desde a Idade Média, período em que as cervas eram consideradas o sustento da família e sua produção era feita em casa.
Mas a sua origem não tem nada de muito poético, na verdade foi uma resposta comercial a uma ameaça estrangeira. Um estilo de cerveja de baixa fermentação vindo da República Tcheca apareceu e colocou em cheque a história das brejas belgas. Essa cerva da família Lager conhecida como Pilsen chegou com tudo na Europa no final do século XIX e início do século XX como se fosse uma tempestade, “limpando” vários dos estilos belgas dos copos dos bebedores de cerva.
Porém, os cervejeiros belgas não iriam deixar isso barato, pois precisavam permanecer no mercado, então tiveram que ser criativos e resolveram produzir uma breja que pudesse “concorrer” à altura com a avalanche Pilsen. Sendo assim, eles criaram a Belgian Blond Ale, também conhecida como Golden Ale, uma cerveja de alta fermentação, não tão clara quanto a Pilsen, mas que também era bem refrescante.
Há dois termos sobre o nome desse estilo e ambos estão corretos. Isso porque os belgas pronunciam Blond sem a letra “E”, já os franceses dizem Blonde, incluindo a letra “E”. Além dessa pronúncia, vale lembrar que Belgian Blond tem o significado de “loira belga”, reforçando que o seu surgimento foi para competir com a Pilsen, não só na aparência mas também para o consumo do dia a dia.
A Bélgica é um país que carrega uma tradição valiosíssima em produzir cervejas diferenciadas e com ingredientes inusitados. Os cervejeiros belgas investem pesado em brejas complexas e marcantes, seja na potência do álcool, no uso de especiarias, que oferece toques condimentados marcantes, ou até mesmo na união desses dois elementos, quando o resultado é sempre uma cerveja espetacular e que pede para darmos outro gole.
O pacto das cervejas belgas
A Belgian Blond Ale abriu os caminhos e logo em seguida surgiu o estilo Strong Golden Ale. A “parceira” da Blond Ale é uma cerveja de amargor destacado, teor alcoólico elevado, aromas e sabores frutados que remetem a pera, maçã e banana – geralmente a banana é bem mais destacada.
A responsável pela criação e comercialização desse estilo foi a cervejaria Duvel Moortgat, fundada em 1871 na cidade de Puurs por Jan-Leonard Moortgat e seus dois filhos Albert e Victor. E pasmem: eles estão na 4ª geração da família cervejeira, é tempo produzindo cerveja hein?! Se a Pilsen chegou com tudo, a Duvel também, inclusive a mensagem que ela trouxe com esse estilo é que brejas claras não são sinônimos de “fraqueza”. Pelo contrário, elas podem surpreender e muito.
Como já mencionado, não se engane com esse estilo de cerveja, até porque o significado de Duvel é “Diabo” no idioma flamengo. Dessa forma, a breja de Jan-Leonard se tornou “o lobo na pele de cordeiro” e se destacou tanto ao ponto de outras cervejarias copiarem a Strong Golden Ale e fazer com que esse estilo pudesse expandir cada vez mais.