Tudo começou em 1889, na cidade de Joinville, norte de Santa Catarina, com a abertura da cervejaria Tiede.
As primeiras cervejas da Cervejaria Tiede começaram a ser produzidas em 1889 por Alfred Tiede. Alfred faleceu de câncer em 1904 sem deixar filhos, apenas um sobrinho.
Após a morte de Alfred, sua esposa Lilly Tiede assumiu os negócios da família. Os rótulos da primeira década do século 20 mostram o novo nome da empresa: “Va de A. Tiede”.
Em 1915, o sobrinho assumiu os negócios da mãe adotiva. Nos rótulos o nome da empresa já aparecia como “Alfred Tiede & Cia”.
Com a chegada de um sócio, os rótulos passaram a apresentar a identificação “Tiede, Seyboth & Cia”.
Até 1925, a cervejaria existia sob o nome Tiede, quando transformou-se de cervejaria artesanal de alta fermentação para cervejaria de baixa fermentação. A modificação no processo, que visava alcançar maior produtividade, trouxe também problemas financeiros, os quais culminaram com a transformação de Thiede, Seyboth & Cia em Cervejaria Catharinense.
Na formação da Cervejaria Catharinense Ltda. houve o aporte de capital de empresários e firmas da região, como Henrique Douat, Eugênio Fleischer, Colin & Cia, Böhm, H. Zimmermann e Werner Metz e Max e Georg Keller. “Tornando-se assim a maior cervejaria do Estado, com produção de 18 mil hectolitros/ano e capital investido de 800 contos de réis”.
Nesta época, final dos anos 20 e década de 30, a cervejaria contava com cerca de 80 empregados, era a maior do Estado e funcionava no mesmo local onde morava o seu fundador, Rua Quinze de Novembro, produzia as marcas Ouro Pilsen, Morena, Catharinense, Clarinha, Sem Rival, Porter e Munchen, além de refrigerantes.
Já na década de 1950, a cervejaria foi incorporada pela Companhia Antártica Paulista. O local tinha fontes de água pura, o que facilitava a produção da bebida. A fabricação de cervejas prosseguiu até a década de 90, quando o local já era administrado pela Bebidas Antarctica Polar.
Em 1973 a última grande mudança: a antiga Cervejaria Catarinense passa a se chamar Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, e em 1998, após mais de meio século funcionando na rua 15 de Novembro 1383, bairro América, a fábrica foi desativada, foi a vez do fim da fabricação da cerveja Antarctica em Joinville.
Em 2001, a empresa vendeu todo o patrimônio para a prefeitura de Joinville por R$ 2,1 milhões. A compra ocorreu no governo de Luiz Henrique da Silveira, que prometeu transformar a antiga cervejaria em um espaço cultural. Nascia ali a Cidadela Cultural Antárctica.
O local foi tombado como patrimônio histórico em 2010 e, em 2012, o Plano Municipal de Cultura estabeleceu que a Cidadela Cultural deveria ser utilizada exclusivamente para a cultura.
Isso, no entanto, não aconteceu: por vários anos, o espaço abrigou órgãos da administração municipal, como a Secretaria de Proteção Civil e o antigo Ittran (Instituto de Trânsito e Transporte de Joinville).
Atualmente, a Cidadela Cultural Antárctica é a casa da Ajote (Associação Joinvilense de Teatro) e da Aaplaj (Associação de Artistas Plásticos de Joinville), além de guardar parte do acervo do MAJ (Museu de Arte de Joinville).
O galpão destruído pelo fogo em 2021, porém, já estava interditado por causa de um deslizamento de terra nos fundos da estrutura e era usado apenas para armazenar arquivos.
Durante a história como Cidadela, o espaço passou por diversas perícias para apurar as condições estruturais e oportunizar uma revitalização. No entanto, poucos reparos foram feitos nos últimos anos e o futuro do local ainda parece indefinido.
Na campanha das eleições municipais do ano passado, o atual prefeito Adriano Silva (Novo) elencou a formação de uma parceria público-privada para o espaço no plano de governo. Até agora, porém, não há projeto de revitalização, segundo a prefeitura.