A cigar somelière Carolina Macedo explica o que compõe o preço e qual é a diferença entre charutos mais barato e com preço mais alto. Além disso, anote as dicas para acertar na compra.
Ao adentrar um umidor de charutos – um ambiente climatizado projetado para preservar os charutos contra as variações climáticas – os interessados se deparam com uma ampla seleção de opções. Cada charuto possui diferentes blends, origens, bitolas e, é claro, uma faixa de preço que pode variar entre R$20 e R$600 por unidade.
Carolina Macedo, sommelier de charutos em Curitiba, frequentemente se depara com a pergunta: há realmente tantas diferenças entre eles? Ela responde prontamente: sim! Ela destaca que apreciar a diversidade dos charutos vai muito além de simplesmente comparar os preços.
“Entender um charuto demanda também compreender sua história, seu propósito e até mesmo suas peculiaridades individuais”, destaca ela, que é sócia da Bulldog Tabacaria, na capital paranaense.
“Se analisarmos, por exemplo, um Jamm Gordito em comparação com um Romeo y Julieta Wide Churchill, ou um Oliva Melanio em relação a um Joya de Nicaragua clássico, e até mesmo um Dona Flor Seleção em comparação com um Dona Flor Ruby, ambos da mesma marca, vamos descobrir singularidades inerentes a cada um deles.”
Carolina explica que para avaliar adequadamente o valor de um charuto é necessário levar em consideração o contexto de produção, o tempo de mercado e o público-alvo para então entender a diferença entre charutos. “Existem certos aspectos gerais que desempenham um papel fundamental na determinação do valor e do custo de um charuto no mercado”.
Para facilitar a compreensão, aqui vai uma lista com fatores determinantes:
Demanda: A ilha de Cuba, com sua região de Vuelta Abajo, produz folhas e charutos cobiçados globalmente. A demanda supera a produção limitada, resultando em preços elevados para quem busca essas preciosidades.
Localização: O trajeto das folhas, seja de Camarões na África ou de Jalapa, até a fábrica em Estelí, Nicarágua, varia significativamente, impactando no custo final.
Fornecedor: Marcas maiores e mais estabelecidas podem ter suas próprias fazendas e fábricas, enquanto outras dependem de fornecedores para suas folhas e expertise na criação do blend.
Tempo: Com uma produção que leva cerca de dois anos, os charutos passam por processos lentos, incluindo fermentação e envelhecimento, exigindo atenção constante à temperatura e umidade.
Tendência e Rendimento: Modas no universo dos charutos influenciam a demanda por folhas específicas, com diferentes características para a produção. A quantidade necessária de folhas também varia, uma vez que algumas folhas podem ter um perda maior ou menor na produção.
Produção Manual: O serviço manual, desde a semente até o charuto final embalado, além das perdas por defeitos visuais, contribui para o custo final.
“Definir o que é caro ou barato é uma questão delicada, mas, independentemente do orçamento disponível, há sempre opções excelentes para serem descobertas nesse fascinante mundo”, finaliza Carolina.