Neste mês, a Heineken lançou uma Stout diferente na Irlanda. A Island’s Edge é a novidade da companhia, com adição de chá e manjericão.
Depois de quase 2 anos de testes e pesquisas de mercado, a Heineken passa a oferecer em mais de 300 pubs na Irlanda, sua nova criação. E por que utilizar chá e manjericão?
Foi entendido que pessoas que não gostam de consumir Stouts, têm dificuldade com o amargor final da cerveja, o aftertaste que pode remeter ao lúpulo não agrada. Então, através de painéis sensoriais durante as pesquisas, foi identificado que o uso de chá, diminui esse retrogosto amargo, sem prejudicar o sabor da cerveja.
Segundo Paula Conlon, gerente de Marketing da ação, a empresa busca expandir e inovar a categoria ao oferecer um novo tipo de Stout para aqueles que não consideravam consumir o estilo antes. O público alvo são jovens de 18 a 35 anos.
Paula ainda diz, que o feedback sobre Stouts identificou que os consumidores tinham dificuldade de beber mais de um copo, então o manjericão traz um frescor mentolado que incentiva o próximo gole. Além disso, ela diz: “Nós também descobrimos que as pessoas acham que Stouts são pesadas, então a terceira coisa que fizemos foi tornar o corpo da Island’s Edge mais macio e cremoso, com a mesma acidez e álcool de uma Stout regular.”
É certo que consumidores fiéis de Stouts (principalmente na Irlanda) irão torcer o nariz para o lançamento, mas o que podemos discutir aqui é que isso é uma tentativa de fazer parte de um mercado tradicional, de uma maneira não muito convencional.
Stouts e Irlanda andam juntos, é o que aprendemos ao estudar cerveja, é a marca deles. Admiro a coragem de lançar algo que mexe com a tradição do povo. O que fica claro para mim é: essa cerveja não é para os consumidores tradicionais de Guinness. É uma forma de segmentar o consumo de Stout para quem poderia optar por não consumir o estilo, por ‘n’ motivos.
Atingir outros públicos que podem se identificar com o novo posicionamento mais colorido e alegre, fugindo do tradicional preto e branco dos rótulos de Stout é o objetivo.
E por que não trazer essa cerveja para o Brasil? Porque no Brasil ainda não temos o hábito de Stout. Nós não sentamos no bar e pedimos com frequência: “Desce uma Guinness bem gelada pra mim!”
Não estou dizendo nem que seja falta de maturidade do mercado, talvez sim, mas não é nosso costume, o brasileiro ainda não associa torra com refrescância, a ideia de que uma cerveja escura possa ser leve, ainda não é entendida pelo público e entendo isso como parte de nossa cultura.
Para inserir um produto desta magnitude, a empresa teria que entender os pontos que o brasileiro se identifica, que na minha opinião é o café. Esse seria o começo.
Enfim, meu ponto é mostrar que no Marketing, há estratificação, segmentação de produtos. Inserir a cultura do lugar, entender as dores e oferecer uma solução.
Nesse caso, a Heineken busca inserir pints de Stout nas mãos de jovens que nunca consideraram consumir o estilo antes.
Para mim, é ousado, arriscado. E por isso que adoro a ideia de ver o que vai dar.
E você, gostaria de uma Stout com chá e manjericão?
Fontes: Irish Times – Just Drinks