A pandemia mudou a forma de fazermos muita coisa, o trabalho quando pode é no computador, o estudo é no computador e até o encontro com família e amigos passou a ser online e muitas vezes isso inclui uma cervejinha.
Nos primeiros meses era muito frequente colocar uma cerveja pra gelar e tomar com os amigos por vídeo chamada. Alguns encontros foram murchando, e os minutos online com os amigos foi diminuindo, a gente cansa né? Mas a cervejinha de casa, tá sempre aqui. (Uhm, será que devo abrir uma pra escrever esse artigo?)
Esse é o pensamento de quase todo mundo que está trabalhando no formato home office, principalmente quando vai chegando final da tarde no final da semana.
E isso se refletiu no consumo de cerveja como mostra a pesquisa da Euromonitor antecipada para o G1. O consumo de cerveja no país em 2020 foi o maior desde 2014, ano da Copa no Brasil. Crescendo 5,3% em relação a 2019.
Isso quer dizer que a pandemia não diminuiu o ritmo de quem gosta da bebida e que o ano não foi tão devastador para esse mercado. Mas pensando além dos números e entendendo o cenário que estou inserida, esses dados mostram apenas uma face da realidade, pois não quer dizer que as cervejarias não foram abaladas pelo fenômeno que balançou o negócio de todo mundo.
Podemos atribuir esse sucesso de vendas às adaptações por parte de bares, restaurantes e cervejarias, que após a implementação de diversas restrições em espaços públicos tiveram que oferecer seus produtos em outros canais não presenciais.
Segundo uma outra pesquisa de consumo, da Kantar, o consumo de cerveja em casa subiu de 64,6% em 2019 para 68,6% em 2020, mostrando que o consumidor de cerveja não se sentiu acuado com os acontecimentos para deixar de consumir. (Inclusive, aqui vale uma reflexão sobre consumo responsável, visto que o consumo aumentou e devemos pensar porque estamos bebendo tanto em casa).
Do ponto de vista interno do mercado cervejeiro foi preciso colocar a cabeça pra funcionar e tirar do papel todos os projetos de tornar os serviços mais digitais. Muitas cervejarias ativaram a estratégia de e-commerce que estava parada, esquecida. Além disso, viram a oportunidade de oferecer seu produto mais fresco e mais barato através de growlers, diretamente ao consumidor final.
Acredito que esse seja o nosso futuro no cenário artesanal, consumir cada vez mais local. Isso permite que o negócio local seja valorizado, ajudando na economia, manutenção do mercado e garantindo a qualidade da experiência de degustar cervejas que acabaram de ser produzidas.
Lógico que nessa situação, algumas cervejarias se viram contra seus próprios PDV’s, pois tem a vantagem de preço reduzido na venda direta ao consumidor final e o cliente vai escolher o menor preço quando o produto é o mesmo. Ainda precisamos descobrir uma dinâmica melhor para que ninguém saia perdendo.
O consumidor está levando sua cerveja para casa, isso não há dúvida. Em 2019 no meu Trabalho de Conclusão de Curso, apliquei uma pesquisa sobre hábitos de consumo de cerveja artesanal e essa tendência já havia sido observada, em que os consumidores determinaram que o lugar que mais consumia cerveja era em casa, depois bares e pubs.
E a justificativa para que isso siga crescendo é a oportunidade e disponibilidade de maior variedade de cervejas tanto nas prateleiras, quanto em canais digitais que incluem delivery via aplicativos e/ou diretamente com a cervejaria.
De acordo com a pesquisa da Kantar “nas classes A e B, o percentual de brasileiros adultos que beberam cerveja em casa saltou de 74,7% em 2019 para 79,7% em 2020. Na classe C, subiu de 64,9% para 68,1%, enquanto que nas classes D e E passou de 53,1% para 57,5% em 1 ano.”
O que isso quer dizer? Que rico e pobre modificaram seu comportamento de consumo em casa. Seja para lazer ou amenizar os sentimentos negativos advindos da pandemia e o que ela trouxe, é necessário refletir sobre esses hábitos, consumir de forma responsável é imprescindível para nossa saúde física e mental.
E você, faz parte desse percentual que passou a consumir mais em casa?