Está faltando cerveja em supermercados de Mato Grosso. A ausência de algumas marcas começou a ser relatada por donos de lojas no último final de semana. O cenário ocorre devido à escassez de embalagens confeccionadas pelas indústrias, que, neste período pós-quarentena, têm sofrido com a falta de matéria-prima. Desde o início do mês, a falta de alumínio no mercado ficou mais evidente e já afeta a produção de cerveja em todo o país.
A informação de que está faltando cerveja nos estoques de alguns supermercados de Mato Grosso foi confirmada pela Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) na terça-feira (20). Em nota, a entidade comunicou que supermercadistas “começaram a dar falta da cerveja do tipo long neck da Heineken em algumas lojas, como também de outras marcas de cerveja em lata, tendo em vista a falta de alumínio”.
Quando falta determinado produto para venda em um supermercado, como é o caso da cerveja Heineken, a loja registra uma ruptura de estoque, ou seja, ausência de uma determinada marca de um produto comercializada pelo estabelecimento. Um exemplo disso seria se um mercado x vende dez marcas de cervejas lata 350 ml e uma delas está sem estoque, isso significa que há uma ruptura de 10% desse produto na loja.
Para reduzir a ausência de produtos nas gôndolas dos supermercados, as empresas Neogrid e Nielsen calculam e fornecem dados do índice de ruptura, ao reunir informações homologadas de mais de 25 mil lojas do Brasil. O problema que afeta tanto o estabelecimento no varejo quanto a indústria que fabrica a marca.
“O abastecimento da indústria é responsável por 38% dos problemas encontrados e o varejo responde por 62% dos gargalos. Ou seja, o índice de ruptura é um indicador que interessa a todos os envolvidos”, destaca pesquisa realizada pela Neogrid.
No caso da cerveja, o índice de ruptura chegou a 16% na última medição feita pelas empresas em agosto. O valor é 6% maior que o registrado no mesmo período de 2019. O percentual traz uma média do que tem ocorrido em todo país.
A explicação para a alta ruptura da cerveja está na cadeia produtiva, mais especificamente no fornecimento de vidro e lata para a confecção das embalagens. “Não estamos falando em desabastecimento. Há falta de algumas marcas. Se falta embalagem, não tem como produzir e vender cerveja no mercado”, explica Robson Munhoz, vice-presidente da Neogrid na América Latina.
MELHORA – Apesar de alguns itens estarem ausentes nas prateleiras dos supermercados, o levantamento realizado pela Neogrid aponta uma queda na ruptura geral nos últimos quatro meses. O índice ainda é considerado alto, 12,08% em agosto, mas já indica um começo da estabilização na cadeia de suprimentos.
“A tendência é que isso vá se normalizando, mas os números ainda apontam que os índices são altos”, explica Munhoz.
Em março, no início da quarentena, o índice era 11,41% e chegou a 12,57%. “É importante que a indústria e o varejo estejam compartilhando informações para que os desafios não sejam ainda maiores na cadeia de abastecimento. Senão, ninguém ganha o jogo”, alerta Robson.