Talvez você ainda não conheça essa associação, afinal de contas, ela ainda é muito nova e encontra-se no Peru. ACECAS significa Associação de Cervejeiros Caseiros, é como se fosse a ACERVA peruana.
Na ACECAS estamos focados no desenvolvimento da comunidade cervejeira caseira. As primeiras reuniões foram realizadas em 2016, quando começaram a existir vários cervejeiros caseiros em Lima, porém, era cada um por si e não tínhamos conhecimento de outros produtores e assim cada um comprava seus equipamentos e insumos de forma autônoma e sem auxílio, relata Manuel Cortez ao site Pulso Cervecero.
Em novembro de 2016 na primeira Copa da Cerveja Peruana, abre-se a categoria de cervejeiros caseiros, com isso, diversos cervejeiros inscreveram-se. E nessa competição foram distribuídas cerca de 8 medalhas para a categoria de caseiros. Foi assim que houve o primeiro contato entre os cervejeiros caseiros do Peru, com isso as amizades e contatos se estenderam às redes sociais e as conversas e trocas de conhecimento começaram a surgir.
Em abril de 2017, foi aberto o grupo para mais pessoas participarem, desde maio daquele ano, existe oficialmente a Associação.
Somos uma associação independente ligada ao desenvolvimento da comunidade cervejeira e nosso principal objetivo é a educação cervejeira e o desenvolvimento da cultura cervejeira, para que os cervejeiros entendam melhor os ingredientes, os processos, os estilos. E que cresçam e se desenvolvam para fazerem cervejas cada vez melhores., diz Manuel Cortez.
Manuel conta que o lado bom da associação para os cervejeiros é que têm membros com muita experiência e com vários cursos, carreiras e estudos, ligados à cerveja, mas também tem gente que está apenas fazendo seus primeiros litros em casa. Portanto, é uma bela comunidade que todos compartilham e apoiam uns aos outros.
Como é o mercado de cerveja artesanal no Peru?
O mercado teve um crescimento sustentável, mas ainda há muito espaço para crescimento. A representatividade das cervejas artesanais, especiais e importadas ainda têm um número muito baixo se comparado ao consumo e preferência por marcas de grandes grupos, as famosas “cervejas comerciais”.
Ainda não há tanta oferta de estudos referente a bebida no país, por isso, há uma preocupação com o aprendizado dos profissionais que estão entrando no mercado. Cabe as cervejarias de pequeno porte ensinarem e treinarem seus funcionários para poder ter um produto melhor e uma entrega ao consumidor que seja no mínimo satisfatória para poder ter uma nova chance com o cliente que pode vir a experimentar novos rótulos.
Segundo Manuel, uma onda recorrente entre os cervejeiros caseiros no Peru é que lá o pessoal acaba investindo mais em marketing e acaba esquecendo de aprenser sobre a mão-de-obra para produzir. Ele alega que os cervejeiros caseiros compram equipamentos enormes para produção em casa, mas vendem antes de fazer seu primeiro lote. O pior de tudo; eles têm rótulos e logotipos antes de aprender a fazer cerveja, ou seja, o oposto que acontece no Brasil, onde muitas cervejarias nascem e esperam crescer sem nunca investir em marketing.
Como são os consumidores?
Ainda existem muitos consumidores que não sabem sobre os estilos de cerveja que estão disponíveis no mercado, cabe às novas cervejarias espalharem a “palavra da boa cerveja” para o público peruano.
O consumidor ainda está na fase de ir ao bar/loja e pedir uma cerveja no qual não conhece, se o produto não for do agrado dele, o que fica manchado não é a marca da cervejaria, mas o conceito de que “cerveja artesanal é ruim”, “cerveja artesanal é forte” ou “cerveja artesanal não tem qualidade”, desse modo o mercado perde um potencial consumidor por conta da falta de preparo de cervejarias, bares e restaurantes que vendem sem conhecimento, algo comum no Brasil em meados de 2010 a 2015, atualmente em terras tupiniquins muitos estabelecimentos já são especializados na bebida e há muitas casas, em cidades maiores, com sommelier treinados para atenderem o público, mas longe de atingir todo o território nacional como sugere a utopia de um cenário perfeito.