Bares por todo o Brasil fecharam apenas na segunda quinzena de março como medida para conter o avanço do novo coronavírus. Foi o suficiente para derrubar as vendas da cervejaria Ambev em 11,5% no primeiro trimestre, quando comparado com igual período de 2019, e derrubar o lucro da companhia em 56%.
A gigante de bebidas teve lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, bem abaixo do consenso das estimativas do mercado compiladas pela Refinitiv, de R$ 2,503 bilhões. .
A fabricante das cervejas Budweiser, Corona, Brahma, Skol, Colorado e Stella Artois apurou receita líquida de R$ 12,6 bilhões, 0,3% menor em relação ao primeiro trimestre de 2019.
O lucro não foi impactado apenas pela redução nas vendas. A Ambev apontou aumento de custo de produtos vendidos de 10,5% no primeiro trimestre quando comparado com janeiro a março de 2019.
As despesas com vendas gerais e administrativas subiram 10,4% com pressão inflacionária na Argentina e maiores gastos de marketing no Brasil durante o Carnaval. Já o resultado financeiro também foi negativo em R$ 1,54 bilhão, mais que o dobro da despesa um ano antes.
Em 2020, o Carnaval foi frio para a época e chuvoso. Patrocinadora da festa de rua em São Paulo, a empresa alugou um avião para tentar desviar as nuvens de chuva. Tudo para levar pessoas às ruas e tentar garantir que as latinhas desfilassem nas mãos dos foliões.
Como a companhia apontou em relatório, o verão ameno já deixava as vendas tímidas antes do coronavírus.
Mas passou o primeiro trimestre e a Ambev aponta que abril foi ainda pior: os volumes de venda despencaram 27%. Nesse volume estão todas as bebidas produzidas pela companhia, alcoólicas ou não.
“O impacto total da pandemia de Covid-19 em nossos resultados futuros permanece bastante incerto, mas esperamos que o impacto nos nossos resultados do segundo trimestre seja materialmente pior do que no primeiro trimestre”, disse a Ambev em balanço divulgado na madrugada desta quinta-feira.
A Ambev, maior cervejaria da América Latina e na qual a AB InBev detém uma participação de 61,9%, opera em 16 países, incluindo Argentina e Canadá.
As ações da companhia negociadas na Bolsa paulista já recuaram quase 37% até agora em 2020.