Com a matéria de hoje é encerro a série de: Escolas Cervejeiras, escola essa que é a “mãe” dos extremos.
Os Estados Unidos são o país mais influente da atualidade no ponto de vista cultural e eu diria que, para desespero do Velho Mundo, que vê sua prevalência declinar continuamente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Música, cinema, artes em geral, tecnologia, comunicação, medicina, ciência, economia, comércio, maquinário e também poderio bélico têm a marca norte-americana.
Uma das fronteiras finais da predominância cultural europeia, entretanto, está no campo da gastronomia, da boa mesa e do bem beber, mas até mesmo essa está por cair, pelo menos no que diz respeito à cerveja. Em termos de volume, a influência norte-americana já se fez valer: a partir do modelo adotado pela América no Norte, o mundo inteiro se rendeu às Lager Light, com inspiração nas Pilsen tchecas que saíram da Baviera na segunda metade do século 19 para se tornar o estilo de cerveja mais consumido em todo o mundo e esse também é o estilo de cerveja hegemônico nos Estados Unidos.
A palavra de ordem dos cervejeiros artesanais americanos é mais: mais lúpulo, mais malte e em alguns casos, mais álcool. É essa característica que diferenciava a nova escola cervejeira americana do velho mundo europeu, inclusive vale lembrar que, a primeira cerveja produzida nos Estados Unidos foi feita por mãos holandesas e foram eles que acabaram fundando Nova York (antiga Nova Amsterdã e logo estabeleceram na ilha de Manhattan uma cervejaria em 1612.
O tempo foi passando e os holandeses juntamente com os ingleses, obviamente cada um à sua maneira, aplicaram suas culturas nos Estados Unidos e fizeram com que os hábitos de consumo fossem dominados pela cerveja e não pelo vinho, e também com o tempo esse crescimento precisou ser interrompido devido a Guerra da Independência Americana, mas essa “pausa” fez com que o país pudesse “renascer” com um aumento significativo com novas cervejarias.
Nomes importantes como George Washington, Thomas Jefferson e James Madison eram frequentadores das tavernas de Manhattan, sem contar que, Samuel Adams também era um amante da cerveja artesanal, inclusive porque era produtor de malte.
Os americanos são responsáveis por boa parte da “standartização” das cervejas no início do século XX, devido à escassez de cevada eles resolveram experimentar a inclusão do milho e arroz nas cervejas e a intenção era torná-las mais claras e leves, sem contar que, o milho e o arroz se adaptavam melhor ao solo e clima da América.
E o início do século XX não foi nada fácil para os cervejeiros americanos. No dia 16 de janeiro de 1919 foi ratificada a 18ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, popularmente conhecida como Lei Seca (um período difícil), a qual proibia a fabricação, venda, importação, exportação e transporte de bebidas alcoólicas em todo o país.
As entidades como Liga Anti-Saloon, União das Mulheres Cristãs pela Temperança e o Partido da Proibição, eram associações financiadas por igrejas protestantes evangélicas e ambas já vinham pensando sobre implantar uma lei seca no país e acabou que o “desejo” se tornou realidade.
Os discípulos dessas entidades/associações tinham como prática “munir-se” de Bíblias e invadir pubs e casas que vendiam bebidas alcoólicas, esconjurando quem estivesse por lá – segundo eles as pessoas que consumiam bebidas alcoólicas estavam “ofendendo” os bons costumes, a moral e a preservação da família.
Esse movimento chamado Temperança, juntamente com a Lei Seca, fez com que os pequenos cervejeiros e suas cervejarias praticamente desapareceram do mapa, mas antes disso, tiveram que simplesmente se desfazer das cervejas, isso mesmo, jogar tudo, como aparece na foto (bem triste, eu diria). Os empresários que tinham um pouco mais de recursos financeiros, conseguiram manter seus estabelecimentos ativos, porém produzindo outras bebidas, como por exemplo, refrigerantes.
Depois de anos e anos convivendo com a Lei Seca, em outubro de 1978 essa história teve uma boa guinada quando o presidente Jimmy Carter articulou para que o Congresso americano aprovasse uma emenda que revogaria a antiga e absurda proibição de fabricar e consumir cerveja.
O ano de 1980 trouxe a multiplicação das pioneiras cervejarias artesanais nos Estados Unidos e com isso, ano após ano o crescimento foi pra lá de animador, mas você deve estar pensando: “o que diferenciava e diferencia a escola cervejeira americana das demais tradicionais europeias?” E eu respondo com um: “além do contagiante entusiasmo e das cervejas “extremas”, eles são notórios em experimentações”, que vai além dos ingredientes inusitados, eles apostam na combinação de estilos diferentes entre si.
Principais Estilos de acordo com o BJCP
- American Pale Ale
- American Amber Ale
- California Common
- American Porter
- American Stout
- American IPA
- Double IPA
- American Barleywine
- American Wild Ale
- Wood Aged Beer