Diferente do vinho, que sempre teve uma posição significante à mesa, a cerveja não era considerada uma bebida que pudesse receber honra no que diz respeito à culinária ou harmonização.
Alguns países como Alemanha, Áustria, Bélgica e Hungria nunca tiveram pudores em usar a cerveja como ingrediente ou como acompanhamento. Não é a toa que quando se fala em cerveja, um dos primeiros nomes que nos vem à memória é Alemanha.
Um (dos) ponto que me chamou atenção na Alemanha é que era mais comum beber cerveja enquanto almoçava ou jantava, do que só beber; Em outras palavras, aqui no Brasil nós simplesmente paramos para beber cerveja, para matar a sede ou degustar, o que vi na Alemanha foi: se for para dar uma pausa para beber uma cerveja, dificilmente essa pausa não será acompanhada de um prato que case com a bebida.
Acredito que nosso paladar é treinado para esse tipo de casamento, a soma de ‘comer’ e ‘beber’ nos desperta o sentido de apreciação, descobertas que fogem dos padrões.
A harmonização não se trata de seguir uma regra ou abrir uma exceção, vai muito além disso: Harmonizar (longe do dicionário) significa sintonizar o prato e a bebida ao paladar de quem o degusta. É importante que haja um equilíbrio onde a cerveja complete o prato e vice-versa, não que um se sobressaia pelo outro.
O paladar é exigente e pensando nisso muita gente recorre às sugestões prontas de harmonização por medo de errar – por quê? Se foi arriscando e testando que se descobriu como se agrada o paladar.
É claro que você não vai arriscar harmonizar uma Rodenbach Grand Cru com churrasco, mas algo mais “sútil” pode e deve ser desafiado, por exemplo: Um sanduíche natural com pão sírio harmonizado com uma Pale Ale, já pensou?
Se ainda não fez, sugiro seguir a dica.
Você só saberá se irá gostar (ou não) depois de experimentar.
Texto: Aline Verdi